Data: 13/03/2020 | Visitas: 1664
Saiba por quê chegada de 50 novos indivíduos ao Brasil é sinônimo de esperança para a conservação da espécie.
Nesta terça-feira (03/03), 50 ararinhas-azuis reproduzidas em cativeiro foram trazidas ao Brasil, sua terra natal, vindas da Alemanha. O retorno delas ao sertão da Bahia, 20 anos depois da declaração de sua extinção completa na natureza, dá mais cor ao trabalho de conservação da espécie no Brasil, já que a intenção é reabilitar as aves para serem soltas na natureza.
Mas como as ararinhas chegaram a esse status de conservação crítico? Quais as características da espécie e qual a importância para o ecossistema? De que forma foi possível reproduzi-las em cativeiro a ponto de 50 delas serem trazidas da Alemanha de “volta para casa”?
O que é uma ararinha-azul?
Ararinha-azul não é um filhote ou o diminutivo de arara-azul. Elas são aves diferentes, ambas exclusivas do Brasil. A diferença está no tom do azul (mais escuro na arara-azul), no tamanho (a ararinha como o próprio nome diz é bem menor) e em várias outras características morfológicas, além do fato da ararinha-azul ser considerada extinta na natureza.
Onde ela vivia no Brasil?
A espécie era endêmica do Nordeste do país, vivia em uma das regiões mais secas da Caatinga, no extremo norte da Bahia. Os últimos indivíduos foram observados no município de Curaçá. Seu habitat principal eram áreas de floresta caraibeira que ocorrem próximas ao curso de rios, onde encontravam alimentos e ocos de árvores para se reproduzir.
Por que ela sumiu?
Desde quando foi redescoberta, a espécie já era tratada como rara. Um dos principais motivos dessa raridade foi o trafico de animais silvestres, que é apontado como principal razão do desaparecimento dos últimos indivíduos da espécie na natureza. Apesar dos pesquisadores buscarem reverter esse cenário.
Quando ela foi dada como extinta na natureza?
No final dos anos 90 os especialistas já observavam que havia apenas um macho de ararinha-azul livre na natureza. Por sorte, ele socializava com maracanãs-verdadeiras, aves da família das araras que apresentam pele branca nua na face. Em 1995 os biólogos tentaram reintroduzir uma fêmea da espécie na natureza para que ela pareasse com um macho, mas a iniciativa não teve sucesso e ela logo desapareceu. Decretada a morte do macho, o último indivíduo selvagem, em 2000, a não localização de novos indivíduos determinou: a espécie estava extinta na natureza.
Como é possível ter novas ararinhas agora?
Em parceria com organizações internacionais, o governo atingiu estratégias para conservar a espécie e a reprodução das aves em cativeiro foi aumentada. Apesar de extinta na natureza há atualmente cerca de 160 indivíduos em cativeiros espalhados pelo mundo. 16 estão em Minas Gerais e agora 50 delas vieram para o Brasil para serem adaptadas e voltarem à vida livre. A maior parte da população atual é de animais que nasceram em cativeiro, incluindo filhotes de animais capturados ilegalmente na natureza e traficados para o exterior.
Qual é a importância delas para o ecossistema?
As ararinhas-azuis, assim como outras aves da família, são seres sociais e muito inteligentes, sendo consideradas um dos grupos de aves mais inteligentes e que possuem o cérebro mais desenvolvido. Na natureza, auxiliam na dispersão de sementes. A volta das ararinhas, especificamente, aquece ainda o ânimo com relação à retomada de contato com outras espécies e o fortalecimento de ações para conservação e educação ambiental nas comunidades que cercam esses habitats, podendo inclusive impulsionar o turismo local.
Fonte: G1 - Terra da Gente